Comissão propõe ações e práticas antirracistas no cotidiano escolar
O Colégio Ofélia Fonseca, em seu compromisso com uma educação pela equidade, criou uma Comissão Antirracista, que é parte do projeto de formação de seus estudantes. Confira, a seguir, o artigo produzido pela equipe da Comissão Antirracista sobre algumas das ações e práticas antirracistas estimuladas no cotidiano escolar!
A construção de projeto de educação antirracista de forma contínua pressupõe um processo de aprendizagem espiralar, busca mobilizar todos os corpos no sentido da construção da escola como um ethos formador de estudantes plenos de experiências e habilidades e que colaborem ativamente no combate ao racismo em nossa sociedade.
Para tal, propomos a criação de abordagens que fomentem um currículo decolonial que seja profundamente interdisciplinar, ao valorizar múltiplos saberes e experiências culturais; enraizado na oralidade e na ancestralidade africanas.
Como exemplo desta mirada, tomamos o griot como símbolo do educador contemporâneo. Transformador como Elegbará, divindade da comunicação cultuada na diáspora negra nas Américas, o griot nos convoca a assumir uma pedagogia que rompe com as estruturas coloniais e hegemônicas, promovendo encontros, encruzilhadas e atualizações constantes de conhecimento para toda comunidade escolar.
Visitar museus e exposições com a temática da arte, história e cultura afro-brasileira pode semear bons resultados no combate ao racismo no cotidiano da escola. Conhecer verdadeiramente nossas origens, enquanto povo brasileiro, contribui para que formemos uma consciência de nossa própria identidade.
Sabemos que muitos educadores e educadoras neste País já produzem práticas inovadoras no campo da educação antirracista. Conhecer autores e autoras, como bell hooks, Nei Lopes, Allan Rosa, Djamila Ribeiro, Bárbara Carine, Grada Kilomba, entre tantos outros, é fundamental no momento do planejamento do currículo, pois o giro epistêmico transformador que tais leituras promovem justificam necessidade de se reinventar a práxis pedagógica.
Ao discutir as contribuições destes autores no debate sobre o enfrentamento do preconceito e da discriminação, é na circularidade da roda de conversa com os estudantes que se revelará a potência de ações que movimentem a palavra e o encontro das diferenças. Por meio de ações inspiradas num tempo espiralar, em oposição ao pensamento individual, racional e cartesiano, reforçaremos o pensamento da coletividade ou aquilombamento na escola.
O racismo e a sociedade
Se o racismo persiste na sociedade brasileira, é evidente que ele também está presente nas escolas, ambiente onde ele se reproduz de diversas maneiras, por mais que os educadores e as educadoras se engajem em práticas antirracistas e os estudantes aprendam tudo o que for possível sobre o tema, o racismo faz parte da estrutura social e histórica deste país. O desafio de educar neste cenário é gigantesco.
As sementes plantadas por obstinados educadores desde a implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08, que instituem a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Africana, Afro-brasileira e Indígena nas escolas de todo o País, fazem com que possamos colher hoje os frutos das lutas por uma sociedade democrática e plural, livre do racismo.
Certamente existem muitas ações e práticas antirracistas que podem ser estimuladas no cotidiano escolar. Destacamos aqui o aspecto da formação docente nas relações étnico-raciais e o giro epistemológico produzido no currículo e o impacto disso na comunidade de aprendizagem (bell hooks), considerando todos os agentes envolvidos neste processo (famílias, funcionários, professores e estudantes).
Com a instituição de uma Comissão Antirracista na escola, é possível ampliar os debates necessários para o enfrentamento do racismo, estudar o currículo e a prática pedagógica na sala de aula, no sentido de provocar reflexões e transformação na forma de ensinar e aprender, dispondo de uma formação específica para a equipe e para a comunidade escolar, adequando atualizando os saberes que produzimos diante da lei federal citada anteriormente.
Para finalizar, nunca é demais recordar um provérbio africano que fala sobre o poder do Ubuntu “Eu sou porque nós somos”.
Texto produzido pela equipe da Comissão Antirracista do Ofélia