Bullying ou conflito

Bullying ou conflito?

 

Acompanhe o trabalho preventivo e de apoio realizado no Ofélia

Trabalhar o bullying* na escola é um desafio que requer uma abordagem que envolva toda a comunidade escolar (estudantes, professores, funcionários, famílias), para promover assim, um ambiente seguro e inclusivo.

Aqui no Ofélia, ao identificar qualquer situação que deixou de ser respeitosa e empática, conversamos com todas as partes envolvidas para entender o que está acontecendo. Essa interferência logo no início de um conflito é uma ação importante na mediação e entendimento da situação, principalmente para não se tornar um bullying, ao contrário, para que o conflito se torne uma oportunidade de crescimento para os envolvidos.

Quando nos deparamos com de fato, uma situação de bullying, a atuação deve ser tanto individual como coletiva. Uma primeira ação é a mediação com os envolvidos, depois das professoras e professores em conjunto com a orientação educacional. Atuamos também com o grupo na sala de aula através de conversas, dinâmicas, aulas de orientação educacional e assembleias. 

Um ambiente acolhedor é importante. Esse trabalho envolve toda a equipe pedagógica e de auxiliares de curso, criando assim um ambiente atento e prontos para escuta e acolhimento. 

Compartilhar, escutar e trocar com as famílias é um recurso importante para que possamos contextualizar, além do ambiente escolar, as emoções e sentimentos envolvidos. Entendemos que, tanto quem faz quanto quem recebe o bullying, está sofrendo. 

Promovemos também campanhas anti-bullying. Práticas em sala de aula sobre seu significado, como escuta, e considerando as experiências vividas são de grande relevância pois tornam o tema real e não apenas uma palavra ou conceito abstrato.

que as pessoas normalmente querem é que o agressor seja punido e só o alvo seja acolhido. Mas não é essa a solução ideal, pois temos que fortalecer os dois, para que eles consigam por conta própria sair dessa posição. 

Bullying acontece quando não tem uma autoridade presente, o ato é intencional, e o alvo tem que saber identificar a situação e se defender. O alvo aceita porque vem de uma pessoa que é popular, e ele quer ser aceito no grupo, e não percebe a gravidade da situação.

Nossa equipe, durante os processos formativos, realiza encontros com especialistas sobre o tema com troca de experiências para a construção de uma prática comum na escola de interferência em situações de conflito e bullying.

Nessas campanhas damos sugestões de filmes e montamos uma rede de apoio. Algumas crianças escolheram ajudar a observar, na hora do recreio, se tem crianças sofrendo ou fazendo bullying, e em seguida procuram a coordenação. Servindo assim de referência para outras crianças. Sabemos que as crianças que sofrem bullying, normalmente procuram seus pares e não um adulto, num primeiro momento. Daí a importância de termos crianças que estejam disponíveis para essa escuta. Essas crianças têm nossa orientação e supervisão. 

Por isso a importância de trabalhar as habilidades sócio emocionais. Elas ajudam crianças e adolescentes a lidar de maneira positiva com suas emoções e a desenvolver relacionamentos saudáveis. Desenvolver a inteligência emocional é trabalhar habilidades como: mediar conflitos, buscar resoluções, entender e medir nossas emoções. Isso é um processo importante na construção da autonomia e consequentemente melhora nossas decisões e relacionamentos. 

Nos anos iniciais, eles estão começando a identificar “o outro”, ou seja, que eles não são os únicos nessa comunidade. Depois começam a nomear e identificar seus sentimentos. Em um próximo momento, apontam e falam para o outro “não gostei que você me bateu, machucou”, ou “eu não quero emprestar o brinquedo, mas você pode brincar comigo”. Essas etapas mudam conforme a faixa etária e é preciso estarmos atentos e atentas a essas dinâmicas e compreender as melhores ações para cada ciclo escolar.

As assembleias visam compreender a dinâmica coletiva, priorizando a análise dos acontecimentos em vez de individualizar nomes e eventos. Os conflitos fazem parte das relações e eles precisam ser discutidos.

No cotidiano escolar, todos os ciclos são orientados a buscar ajuda em situações de conflito. O trabalho da orientação educacional e da coordenação pedagógica é próximo, os atendimentos, individuais, e as “portas abertas” são vistas como um ambiente favorável para conversar, descansar ou mesmo “dar um tempo” da tensão do momento.

Nossas turmas contam com um número de estudantes que nos permite a oportunidade de conhecermos todos de perto e que o trabalho seja mais próximo e acolhedor, compreendendo as emoções de forma mais individualizada, com um cuidado mais personalizado. Os estudantes têm que se sentir seguros, pertencentes, valorizados e respeitados para que possam desenvolver suas habilidades socioemocionais. 

Os conflitos e o bullying estão presentes em nossa sociedade, e também nos ambientes escolares. Como cuidar e acolher que é o diferencial.

(*)Definição Bullying e conflito:

A Lei nº 13.185, em vigor desde 2016, classifica o bullying como intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação. A classificação também inclui ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e apelidos pejorativos, entre outros. Acontece entre pares.

Conflito é um desacordo entre duas ou mais partes, que pode ser causado por interesses, valores ou necessidades diferentes. 

A principal diferença entre bullying e conflito é que o bullying é uma ação intencional e repetitiva que visa causar danos a uma pessoa, enquanto que o conflito pode até trazer benefícios em termos de tolerância e crescimento individual, está relacionado a convivência social. 


Wylma Ferraz
Orientadora Educacional