Turmas do 6º ao 9º anos realizam estudo do meio em São Luiz do Paraitinga
Por: Equipe de coordenação do Ensino Fundamental – Anos Finais*
Nesta semana, as turmas do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental – Anos Finais realizam atividades de estudo do meio em São Luiz do Paraitinga (SP). A cidade, localizada na região do Vale do Paraíba, é reconhecida por ser um importante destino turístico por ter seu Centro Histórico tombado como Patrimônio Cultural Nacional.
As atividades estão sendo realizadas com supervisão da equipe de professores e coordenadores, além dos monitores especializados da Quíron Turismo Educacional, grande parceira do Ofélia nos projetos de estudo do meio.
Confira os relatos da viagem!
Relato da viagem – dia 1 (21/08/2024)
História, arquitetura, culinária, música e sol. Muito sol. Nosso dia em São Luiz do Paraitinga foi repleto de sons, cores e sabores. Entre os mares de morros que caracterizam a paisagem luziense, nos afastamos da agitação da cidade para uma imersão nos estudos sobre a cultura brasileira e seus aspectos mais populares. A ‘cultura paulista’ representa parte de um Brasil, diferente daquele vivido nas metrópoles. Aqui o ritmo é completamente outro.
Começamos nosso dia no Mercado Municipal, onde o ato de comprar os alimentos do cotidiano num espaço cuja arquitetura centenária guarda as memórias de uma das maiores festas populares do país, a Festa do Divino. Aqui, os/as estudantes puderam perceber que os vendedores e clientes se conhecem pelo nome e os produtos guardam o frescor da roça. Além disso, ninguém termina sua feira sem trocar um dedinho de prosa.
Por falar em roça, a atividade no Sítio permitiu que os conhecimentos populares e ancestrais sobre a medicina da terra chegassem até os/as estudantes por meio de pessoas incríveis como o ‘Seo’ Waldir. Ao pedir licença para entrar na mata e colher ervas e plantas, proporcionamos aos grupos a importância do contato humano e das relações intrapessoais.
Essas experiências deram o tom dos trabalhos. Nas horas livres os/as estudantes puderam vivenciar o futebol entre amigos ou a refrescância de um mergulho na piscina.
A noite eles/elas assistiram uma animada apresentação da Fanfarra Municipal Ignácio Gióia, com um repertório eclético e acompanhado por um grupo de dançarinas que emocionaram pela sincronia dos movimentos e o malabarismo de suas bandeiras. Totalmente demais!
Finalizamos o dia com uma fogueira, reunindo-se em roda e proporcionando momentos de trocas entre os/as estudantes.
Relato da viagem – dia 2 (22/08/2024)
“Você já se banhou na queda de uma cachoeira? Sentindo a sensação da sua alma sendo purificada por inteira?” É o que diz uma famosa canção, e que nos ajuda a descrever um pouco sobre as sensações energizantes da nossa atividade da Cachoeira Grande, em Lagoinha, próximo de São Luiz do Paraitinga. Atmosfera perfeita para uma conexão com a natureza.
Em seguida, os/as estudantes retomaram as atividades no centro histórico da ‘cidade iluminista’. São resquícios de um modo de construir que remonta ao século XVIII na Europa e das Reformas que a Coroa portuguesa impunha às suas colônias. Os grupos perceberam que as janelas e portas da cidade estão todas decoradas pela recente festa do padroeiro São Luiz de Tolosa, ressaltando mais uma vez a beleza da fé do catolicismo popular.
Ao visitar a Igreja Matriz, os/as estudantes puderam aprender mais sobre a força da fé do povo brasileiro, ao reerguer a construção religiosa destruída na Grande Enchente de 2010. A dedicação da população local na tentativa de restaurar a memória coletiva e, por meio da persistência em localizar, em meio aos escombros, cada fragmento das peças decorativas, as imagens religiosas, o altar despedaçado e, pouco a pouco, reconstruir o patrimônio histórico.
Na última noite, os/as estudantes dedicaram-se aos estudos e à partilha das experiências da viagem até o momento. Mais uma vez, o clima de companheirismo predomina em terras Piratininga sob a luz do luar. Estamos à espreita das pistas do Sacy. Aprendemos que em momentos como estes, de plena felicidade, é que o traquina aparece para pregar suas peças. Por via das dúvidas, estamos com nossas peneiras prontas. Vai saber…
Relato da viagem – dia 3 (23/08/2024)
Mais uma alvorada nas terras de São Luiz do Paraitinga e acordamos com a sensação de que poderíamos ficar mais tempo em viagem, pois as experiências vão se sucedendo em novidades surpreendentes. Era o dia da turma conhecer o Sítio do Guto e a atividade prática sobre a taipa de mão, consolidando as observações sobre a arquitetura de terra que tínhamos visto no dia anterior. Literalmente, foi mão na massa, ou melhor, no barro, para compor coletivamente parte de uma parede com a típica estrutura de bambu. O contraste entre o calor do dia e o frescor da terra molhada foi marcante.
Na sequência, mais um contato direto com a natureza, na atividade do floating no Rio Paraitinga e a necessidade de agir coletivamente para conduzir o bote rio abaixo, analisando as características de um lugar preservado e a lição de que a harmonia com o meio ambiente é possível e o resultado é um rio verdadeiramente limpo, coisa muito diferente do Rio Tietê, o rio de nossa terra, pelo menos em seu trecho urbano e super poluído.
A cidade das marchinhas parou para ver o Bloco do Ofélia desfilar num Carnaval fora de época, com muita animação e um sol escaldante como se fosse em fevereiro (alô, aquecimento global!). Juca Teles deu o ar da graça junto com sua fantástica banda. Foi pura diversão!
Imersos no encanto do Ilê Axé Omo Ayê, por meio da Ialorixá Nadya Sant’Anna (…), nossa turma entrou em contato com uma forma de viver que relaciona intensa religiosidade e sustentabilidade, uma vez que os mais de quarenta anos de presença do terreiro no local pode reconstituir a mata do entorno do Ilê, enquanto as outras propriedades e suas práticas agressivas mostravam a degradação da paisagem.
Dançamos e cantamos no ritmo dos tambores sagrados, honrando a memória do Mestre Lumumba (presente!) e seu legado de sabedoria e amor, aprendendo sobre a ancestralidade em solo sagrado. Eram as bênçãos que precisávamos para iniciar nosso caminho de volta para casa, cair na estrada, com muita saudade de casa e com a bagagem cheia de novas experiências para compartilhar.