Turmas do FII realizam estudo do meio em Saco do Mamanguá

Por: Equipe de coordenação do Ensino Fundamental II*

 

Relato da viagem – dia 1 (17/08/2022)

Foi grande a animação quando o motorista ligou o motor do ônibus e nos despedimos das famílias. O clima de aventura dava o tom durante todo o percurso e, subitamente, tínhamos o mundo todo como sala de aula: rio incrivelmente poluído mas com um grupo de capivaras vivendo em suas margens. Trânsito, pedágio, estrada e a paisagem se modificando gradativamente.

A investigação prosseguiu ao longo da serra do mar com os olhos atentos aos possíveis problemas ambientais que poderíamos encontrar. O que mais nos chamou a atenção foram os muitos deslizamentos de terra nas encostas litorâneas. E também uma impressionante intervenção de engenharia que construiu um mega túnel para vencer a escarpa.

Os estudantes estavam realmente curiosos com tudo aquilo que surgia diante dos olhos. Tudo tão intenso que as seis horas de estrada passaram depressa demais. E chegamos à Paraty-Mirim.

A a imensidão das águas verdes do litoral sul fluminense nos convidava à uma viagem de barco (cerca de 45 minutos) que nos levaria para um lugar em tudo diferente do nosso cotidiano na metrópole: brisa do mar, vento no rosto, clima ameno, pássaros, peixes e a mata atlântica como pano de fundo. A perfeição em forma de estudo do meio.

Teve de tudo: pesca artesanal, roda de conversa, banho de mar e um tempo livre para apreciar a beleza do lugar, o encontro da serra com o mar. Saco do Mamanguá* vale cada segundo de fruição da natureza.

E a noite ainda nos reservou um belíssimo jantar e momentos de confraternização que certamente ficarão para sempre em nossas memórias.

 

Relato da viagem – dia 2 (18/08/2022)

Abençoados por ventos favoráveis e águas tranquilas, nossa primeira atividade, logo após o café da manhã, foi entrar no mar com caiaques e remar em direção ao fundo do Saco do Mamanguá. Uma impressionante cena de uma sala de aula no meio do mar e a moldura da mata atlântica completando a paisagem.

Mais uma gota de mar no rosto antes de colocarmos os sentidos à postos para percebemos a modificação das cores das águas ao nos aproximarmos do manguezal. Uma imersão completa no berçário da vida marinha para compreender a importância da preservação do meio ambiente. Caranguejos, sururus, ‘trinta réis’ (pequeno pássaro branco que mergulha na água para caçar seu alimento) e toda a sorte de animais que se relacionam diretamente com o mangue.

Na hora do almoço, além do imenso apetite propiciado pela atividade física matinal, tivemos mais um momento de aproximação com a cultura caiçara: ‘Seo’ Gil nos conduziu para a casa onde sua família vive há muitas gerações. Sua própria mãe, a Dona Gracinha e duas de suas noras prepararam uma deliciosa refeição. Foi uma grande honra estar no ambiente e no modo de vida local.

Aprendemos a saber respeitar a natureza e suas dinâmicas da maneira do caiçara: hora de ir se o tempo permitir, a hora de esperar em caso de chuvas ou ventos fortes. Saber manejar as árvores certas para o artesanato, aproveitar toda a madeira extraída, sempre na intenção de preservar a própria fonte de sustento e na manutenção da tradição. 

Arte como sobremesa: a oficina de pintura de barquinhos de madeira, logo após ao almoço, foi o respiro ideal para nosso início de tarde. Formas, cores, texturas viraram experiências vivas e transmitidas oralmente pelo ‘seo’ Gil e valorizar esta forma de produção de conhecimento é um dos eixos de nosso projeto anual. Cada estudante pôde trabalhar em seu objeto artístico. 

Estar sem internet modificou completamente as relações entre os estudantes (…) Não tiveram outra alternativa senão olhar nos olhos uns dos outros e descobrirem coisas que não teriam notado na rotina do cotidiano, onde os celulares mediam as relações entre as pessoas. O brilho das telas foram substituídos pelo brilho das estrelas e o horizonte de possibilidades se ampliou junto com a qualidade do contato entre cada um de nós.

 

Relato da viagem – dia 3 (19/08/2022)

A sexta-feira começou com uma frente fria que confirmou a previsão da meteorologia: tempo bom, tempo ruim. A sensação de aventura foi ao grau máximo pois tivemos que aguardar a melhoria das condições do vento e da agitação do mar para poder retomar nossas atividades. Uma pausa para sentir mais uma vez a natureza determinar o ritmo das coisas e poder seguirmos adiante. A lição veio por meio da sabedoria popular: devagar se vai ao longe.

Uma caminhada pelo Centro Histórico para aprendermos um pouco mais sobre a importância de Paraty em seus diversos aspectos: social, cultural, econômico e religioso. Teremos muito a fazer ao retornar para a escola pois a viagem despertou a curiosidade e o desejo de saber mais sobre a nossa própria identidade brasileira e conhecer Paraty é parte fundamental da nossa História.

 

*Texto assinado pelos profissionais que compõem a equipe de coordenacão do Ensino Fundamental II do Colégio Ofélia Fonseca.

*Saco do Mamanguá está localizado em Paraty-Mirim, no município de Paraty (RJ).

Confiram algumas imagens!